Com a resistência que só os portugueses têm, o Juvenal foi tentar mais um emprego em mais uma das muitas entrevistas.
Ao chegar ao escritório, o entrevistador observou que o candidato tinha exactamente o perfil desejado, as virtudes ideais e perguntou-lhe:
- Qual foi o seu último salário?
- Salário mínimo, respondeu o Juvenal.
- Pois se o Senhor for contratado, ganhará 10 mil euros por mês!
- A sério?
- Que carro o Senhor tem?
- Na verdade, agora só tenho um carrinho pra vender pipocas na rua e um carrinho de mão!
- Pois se o senhor trabalhar connosco ganhará um Audi para si e um BMW para a sua esposa! Tudo zero Km!
- A sério?
- O senhor costuma viajar?
- O mais longe que fui foi até Badajoz, comprar caramelos...
- Pois se o senhor trabalhar aqui viajará pelo menos 10 vezes por ano, para Londres, Paris, Roma, Mónaco, Nova Iorque, etc.
- A sério?
- E digo-lhe mais... o emprego é quase seu. Só não lhe confirmo agora porque tenho que falar com meu gerente. Mas é praticamente garantido. Se até amanhã (6ª feira) à meia-noite o senhor NÃO receber um telegrama nosso a cancelar, pode vir trabalhar na segunda-feira com todas estas regalias que eu citei. Então já sabe: se NÃO receber o telegrama a cancelar até à meia-noite de amanhã, o emprego é seu!
Agora era só esperar até à meia-noite da 6ª feira e rezar para que não aparecesse nenhum maldito telegrama.
A banda tocava, o povo dançava, a bebida rolava por todos.
A gastar horrores para o bairro encher a pança.
Era do Correio!
A banda calou-se!
A mulher engasgou-se!
Um bêbado arrotou!
Uma velha peidou-se!
Um cão uivou!
Era a frase mais ouvida.
- Joguem água na churrasqueira!
A mulher do Juvenal desmaiou!
A motociclista parou!
O tipo desceu da vespa e dirigiu-se ao Juvenal:
OOOOOHHHHHHHHHHH!!!!!!!!!!!
- Telegrama para o senhor...
Agarrou o telegrama, com os olhos cheios de água, ergueu a cabeça e olhou para todos.
Não se ouvia sequer uma mosca!
Tirou o telegrama do envelope, abriu e começou a ler.
- Foi a minha mãe que morreuuuuuuuu! Podem continuar a festa..